Realizadas mais duas oficinas de Avaliação do Risco de Extinção de Peixes Ósseos Marinhos

(Navegantes - 01/05/2020) Neste ano, dando continuidade ao segundo ciclo de avaliação do risco de extinção de peixes ósseos (Actinopterygii) marinhos, duas oficinas foram realizadas entre fevereiro e março, ambas inseridas em atividades previstas no Projeto GEF-Mar.

Entre os dias 17 a 20 de fevereiro, no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL) em Itajaí-SC, foi realizada a 9° oficina de avaliação de peixes ósseos (Actinopterygii) marinhos, tendo como pontos focais o CEPENE e o CEPSUL.

 

img 2020 02 participantes 9a oficina peixes osseos recifais acervo cepsulA oficina contou com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto Meros do Brasil, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade de Vila Velha (UVV). Os coordenadores de táxon presentes nesta oficina foram o Dr. Marcelo Vianna (UFRJ) e o Dr. Raphael Mariano Macieira (UVV). Os pontos focais deste grupo avaliado são as Analistas Ambientais Iara Braga Sommer (CEPENE) e Roberta Aguiar dos Santos (CEPSUL). Também estiveram presentes bolsistas do Projeto GEF-Mar e CNPq, que apoiam este processo nos respectivos centros, bem como Analista ambiental e bolsista do Projeto Gef-Mar do Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC).

 

Importantes espécies recifais foram avaliadas, com grande interação com a pesca, como o mero (Epinephelus itajara), o pargo-verdadeiro (Lutjanus purpureus) algumas espécies de budiões (gêneros Scarus e Sparisoma), de garoupas (Epinephelus) e de badejos (Mycteroperca).

 

img sirigado Mycteroperca bonaci claudio sampaio 9 oficina recifaisPara algumas das espécies avaliadas, grandes declínios populacionais foram observados ao longo de décadas, sendo a pesca excessiva e a degradação de habitats as principais causas deste declínio, mantendo-as como ameaçadas de extinção. Várias medidas de conservação foram sugeridas tanto para mitigação de capturas na atividade pesqueira ou relacionadas à melhoria dos ambientes que habitam. Medidas específicas para espécies que ainda tem sua captura permitida, cuja situação populacional ainda permitem certo grau de exploração, também foram discutidas, ressaltando a importância do devido monitoramento destas capturas, o cumprimento das medidas de ordenamento pesqueiro estabelecidas, bem como sugestão de outras medidas a serem aplicadas, visando a recuperação destas populações.

 

Já no mês de março, entre os dias 17 e 23, foi realizada a 10° Oficina deste grupo, quando foram avaliadas espécies de peixes de águas profundas, cuja avaliação do risco de extinção está sob a responsabilidade do CEPSUL.

 

Uma particularidade desta oficina é que coincidiu com a publicação de recomendações do Ministério do Meio Ambiente referente a COVID-19, na qual suspendia a participação dos servidores em eventos. Uma vez que alguns participantes já tinham se deslocado para o local da oficina (Macaé, RJ), optou-se por realizar apenas dois dias presencialmente e o restante da oficina, virtualmente. Desta forma, a oficina foi realizada de forma presencial entre os dias 17 e 19, em Macaé (RJ) nas dependências do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade - NUPEM/UFRJ, e por meio de videoconferência entre os dias 17 e 23.

 

 

img peixe-rato Macrouridae acervo cepsul 10 oficina profundidadeAo todo foram avaliadas 241 espécies de 11 Ordens: Alepocephaliformes, Argentiniformes, Beloniformes, Beryciformes, Gadiformes, Lophiiformes, Perciformes, Polymixiiformes, Scorpaeniformes, Stomiiformes e Zeiformes. Destas, 3 espécies foram excluídas por não ocorrerem no Brasil, ou por terem sido modificada sua taxonomia. Sendo espécies de águas profundas, em geral sem ameaças relevantes sobre suas populações, como era de se esperar, nenhuma das outras 238 espécies avaliadas entrou em alguma categoria de ameaça, sendo 216 conside­radas como Menos Preocupante (LC); dez, como Dados Insuficientes (DD); e 12, como não elegível para uma avaliação regional no Brasil, sendo cate­gorizadas como Não Aplicável (NA). Algumas mudanças de categorias foram observadas entre os dois ciclos, principalmente em função de novas informações sobre as espécies analisadas, que proporcionaram uma avaliação mais acurada.

 

A oficina contou com a presença de quatro especialistas do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM/UFRJ). Os coordenadores de táxon presentes na reunião foram os doutores Fábio Di Dario e Michael Maia Mincarone. A ponto focal do CESPUL é a analista Ambiental Roberta Aguiar dos Santos. Também participaram da reunião a bolsista de Avaliação do CESPUL, e o Analista Ambiental e bolsista do Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC).

 

Foi a primeira vez que o CEPSUL realizou uma Oficina de Avaliação por videoconferência, e apesar do motivo que nos levou a adoção desta alternativa metodológica, considera-se que a oficina cumpriu seu objetivo e foi um sucesso. Vale ressaltar a importância do Sistema SALVE, plataforma utilizada no processo de Avaliação do ICMBio, para o bom funcionamento da Oficina online e sem dúvida o comprometimento dos participantes na avaliação de todas as espécies propostas.

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Texto: Bolsista GEF-Mar/CEPSUL Paula Salge e Analista Ambiental do CEPSUL Roberta Aguiar dos Santos.