Ações

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) instituiu o Programa Nacional de Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção – Pro-Espécies (Portaria nº 43/2014), com o objetivo de adotar ações de prevenção, conservação, manejo e gestão com vistas a minimizar as ameaças e o risco de extinção de espécies. Um dos instrumentos do Pro-Espécies é o Plano de Ação Nacional para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN). A elaboração dos planos de ação das espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção está sob responsabilidade do ICMBio, sendo coordenados pelos seus centros especializados.

Os Planos de Ação (PAN) são instrumentos de gestão, construídos de forma participativa junto a representantes da sociedade civil, organizações governamentais e não governamentais, pesquisadores e gestores, a serem utilizados para o ordenamento das ações para a conservação de seres vivos e ambientes naturais, com um objetivo definido em escala temporal (Instrução Normativa ICMBio nº 25/2012).

O CENAP coordenada atualmente 7 Planos de Ação, sendo:

 Conteúdo

BANCO GENÔMICO

O banco de amostras biológicas tem sido considerado uma importante ferramenta para a conservação e pode ser organizado com dois objetivos:

1) desenvolver uma coleção de tecidos somáticos, linhas celulares, DNA e soro de uma grande variedade de espécies, primariamente para estudos taxonômicos, demográficos, ecológicos e epidemiológicos , e:

2) desenvolver uma coleção de gametas e embriões que irão contribuir para a reprodução artificial das espécies em questão.

Considerando que muitos animais da população em cativeiro estão próximo da senescência, a conservação de amostras biológicas destes faz-se urgente. Adicionalmente, projetos de pesquisa que envolvem capturas de animais em vida livre podem ser complementados por estudos genéticos, reprodutivos e epidemiológicos se amostras biológicas forem coletadas e armazenadas adequadamente.

Os bancos de amostras biológicas oferecem a oportunidade de estocar as amostras coletadas, potencialmente por muitas gerações, para uso posterior. Em conjunto com técnicas de reprodução assistida como inseminação artificial, fecundação in vitro, injeção intracitoplasmática de espermatozóides, clonagem e transferência de embriões mais oportunidades surgem para o manejo genético de populações em cativeiro e em vida livre.

Desta forma, amostras biológicas criopreservadas podem  atuar com uma garantia contra a extinção.

Neste contexto, o CENAP estabeleceu o Banco de Amostras Biológicas de Mamíferos da Ordem Carnivora, regulamentado pelo CGEN em 2003 (Resolução CGEN 22/2003).

Atualmente, dispomos de 05 botijões de nitrogênio líquido que armazenam amostras de gametas a –196ºC, dois freezers –80ºC para amostras de sangue, soro, tecidos e DNA, um freezer -30ºC, quatro freezers –20ºC, uma geladeira e dois dry shiper para transporte de amostras.

Além disso, o CENAP tem parceria com diversas instituições como: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Universidade de São Paulo, Universidade Estadual do Ceará, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Universidade Federal de Minas Gerais,  Instituto Pró-Carnívoros, Instituto Biotrópicos, Instituto Tríade, entre outros, em projetos de pesquisa que visam estabelecer protocolos de criopreservação de gametas e embriões, protocolos de reprodução artificial e implementação de marcadores moleculares para estudos ecológicos, genéticos e evolutivos de mamíferos da ordem Carnívora.

MANEJO EM CATIVEIRO

A principal causa de aumento da população cativa de carnívoros é a expansão da área ocupada pelo homem, seja pelo aumento da atividade agropecuária, seja pela ocupação desenfreada com fins habitacionais. Essa expansão causa conflitos entre as comunidades humanas e as comunidades de carnívoros, tais como a predação de animais domésticos, atropelamento e apreensões.

A permanência desses animais no cativeiro deve ser aproveitada da maneira mais nobre possível, exigindo não apenas a preocupação com o bem estar desses indivíduos, mas também criando o compromisso de utilizar essa população cativa como uma ferramenta na conservação das populações selvagens. Para alcançar este objetivo os animais cativos devem ser manejados de forma a manter o potencial evolucionário original da população selvagem à qual pertenciam, ou seja, continuando como componentes do processo evolutivo do qual participavam na natureza.

Idealmente, esse manejo necessitaria de um profundo conhecimento das causas naturais de isolamento genético das espécies, que fossem relevantes ao estabelecimento de unidades evolutivas de manejo. No entanto, tal conhecimento ainda está longe de ser totalmente dominado e por essa razão o CENAP tem preconizado o manejo dos mamíferos carnívoros em função da procedência geográfica original da linhagem genealógica dos indivíduos, priorizando o acasalamento de indivíduos procedentes de regiões geográficas próximas.

Ainda nesse sentido, o CENAP tem estimulado e participado de estudos de genética e evolução das espécies de mamíferos carnívoros utilizando os animais cativos que possuem procedência geográfica original conhecida.

Tais estudos fornecerão informações primordiais para o correto manejo dessas espécies na natureza e no cativeiro, sendo que a utilização dos animais em estudos como este representa outra importante justificativa para a manutenção de populações cativas. Uma vez que essas populações sejam corretamente manejadas, elas poderão representar um importante reservatório da variabilidade genética das espécies de mamíferos carnívoros e dessa forma uma garantia contra eventuais catástrofes naturais ou reduções dramáticas das populações selvagens.

A última, e mais importante, dentre as três grandes justificativas para a manutenção de carnívoros em cativeiro consiste da utilização desses animais como ferramentas para a educação ambiental. Nesse sentido, os animais cativos representam o papel de embaixadores de suas populações na natureza e permitem que os cidadãos comuns se sensibilizem quanto à ameaça que a humanidade tem infligido sobre a sobrevivência dessas espécies.